Diário,
Hoje faz dois anos desde que ele foi embora e ainda parece que foi ontem, estranho não? O Harry está começando a me dar nos nervoso, não para em casa e a Tia Anne está começando a ficar mais irritada, acho que a qualquer momento aquela veia na testa dela explodi. O aniversário dele[ Charlie] foi semana passada e o Harry me proibiu de falar qualquer coisa sobre isso, ele ainda está muito magoado, diferente de mim, eu não sinto raiva de Charlie, ele foi embora e ponto. O jeito é seguir em frente.
Fechei meu diário e levantei correndo, minhas malas já estavam prontas e em cima da cama. Eu não queria ir para outro país, mas fazer o que? A lei estava me obrigando. A única coisa que eu não entendo e que me aborrece, é por que, depois de anos, ele finalmente decidiu assumir nossa guarda. Nem preciso dizer que o Harry ficou louco de raiva quando soube, não sei se foi por causa da sua nova vadia ou por causa de seus ''amigos'' ou então porque ele simplesmente não queria ir.
Peguei a roupa que eu separei para usar e vesti:
Amarrei meu cabelo com um coque mal feito e fui até o quarto do Harry, vocês não estão achando que eu vou carregar aquela mala de uma tonelada, né?
Cheguei lá ele estava sentado, mas dormindo.
Me aproximei dele bem devagar, respirei fundo e dei um tapa com força em seu rosto.
Harry: PORRA DEMÉTRIA!- Gritou levantando.
Demi: Desculpa HAHAHAHHAHAHAHA!
Eu estava, literalmente, me contorcendo no chão de tanto rir.
Demi: Hahahahaha... minha barriga...hahahahahahah.
Harry: Idiota.
[ Ignorem as mãos U.U]
Demi: Ah, Hazza, não fica bravo.- Fiz biquinho.
Harry: Saí, não quero falar com você.
Demi: Para de palhaçada!- Ri. - Me dá um abraço?
Ele me olhou como se falasse: É sério?
Eu fiz um olhar pidão e ele bufou.
Harry: Tá.
Demi: Vem cá, maninho!
Harry: Eu vou ir embora e te deixar com a Tia Anne.
Demi: Você não tem coragem.
Harry: Eu sei.- Riu.
Harry e eu podíamos brigar, aprontar as piores pegadinhas um com o outro, mas ele era meu irmão e me amava, assim como eu o amava. Depois que o Charlie foi embora, eu meio que assumi o papel de irmã mais velha, mesmo sendo mais nova, o Harry estava magoado e eu queria mostrar que eu não o abandonaria.
Demi: Já arrumou suas malas?
Harry: Já. Não acredito que eu vou ter que ir.
Demi: Você deixaria eu ir sozinha?
Harry: Não. De jeito nenhum.
Demi: Então acredite, porque você vai ir. Agora, me ajuda a levar minha mala pro carro?
Harry: Eu tenho opção?
Demi: Não.
Ele revirou os olhos e foi até o meu quarto, pegou minha mala e eu peguei a dele, que era mais leve e descemos.
Tia Anne: Vou sentir falta de vocês!- Sorriu com os olhos marejados.
Demi: A gente também tia, né Harry?
Harry: Não.- Dei um cotovelada na barriga dele. - Ai! Eu to brincando! É claro que a gente vai morrer de saudade, já até mandei preparar meu caixão.
Revirei os olhos. Idiota.
Tia Anne: Andem, me dêem um abraço!
Fui na direção dela e a abracei com força, Tia Anne praticamente nos salvou, ela era nossa única parente e graças a deus quis ficar com a gente. O Harry amava irrita-la mas eu sabia que ele também estava grato.
Tia Anne: Está tudo pronto?- Assenti.- Então vamos para o carro.
Olhei para o Harry fazendo biquinho.
Harry: Pode deixar, eu levo a sua mala.- Disse derrotado.
Dei um beijo na bochecha dele e fui para o carro, depois que ele colocou as malas no porta-malas do carro, nós entramos e a Tia Anne acelerou.
Começou a chover na metade do caminho. O Harry estava dormindo, a Tia Anne estava concentrada demais na estrada, então só me restou ficar observando as gotas de água deslizarem pelo vidro.
Tia Anne: Ansiosa?- Perguntou de repente.
Demi: Para quê?
Tia Anne: Para conhecer sua nova família.
Demi: Eles não são minha família.- Disse um pouco na defensiva.
Só porque eu não ligava para o fato dele ter nos largado, não queria dizer que eu o aceitava como meu pai. Ele era só um estranho.
Tia Anne: Demi, eu sei que está magoada...
Demi: Eu não to magoada, tia. Só não entendo porque ele só apareceu agora.
Depois disso ela não disse mais nada. Peguei meu celular e fiquei jogando um joguinho idiota até o sono começar a me preencher, o aeroporto ainda estava bem longe, então deitei minha cabeça no ombro do Harry e fechei os olhos.
Acordei com alguém me sacudindo de leve, me mexi desconfortável e encarei um par de olhos verdes.
Harry: Acorda, a gente chegou.
Por um momento achei que já estávamos na Inglaterra, então olhei pela janela e vi o aeroporto. Me encolhi mais no banco.
Demi: Não quero ir, Harry.- Resmunguei fechando os olhos.
Eu não queria mesmo ir, não queria ter que olhar nos olhos do meu ''pai''.
Harry: Vamos, Little Birdy, a gente precisa ir.
Assenti e sai do carro com esforço, pegamos nossas malas, fizemos todos aqueles procedimentos chatos e fomos para o portão de embarque. A essa altura Tia Anne já estava em prantos.
Tia Anne: Vou sentir tanto a falta de vocês.
Demi: Nós também, tia.
Ela nos deu um abraço de urso, então aquela vozinha chata soou pelo aeroporto.
Ultima chamada para o voo 345-1. Destino: Inglaterra.
Harry passou o braço pela minha cintura e eu fiquei acenando para ela até entrarmos no avião. Por sorte, sentamos juntos na mesma fileira. Senti a pressão do avião levantando voo e apertei com força a mão dele.
Harry: Calma, maninha.
Demi: Eu to calma.- Disse entre dentes.
Ele riu e deitou a cabeça no meu ombro. Fiquei brincando com os cachinhos dele para me distrair, depois de um tempo eu cansei e simplesmente tentei ignorar a maldita pressão nos meus ouvidos e o fato de eu estar indo para um lugar totalmente desconhecido, morar com pessoas totalmente desconhecidos. A única coisa que me mantinha calma era saber que eu não estava sozinha.
Demi: Harry? Você tá dormindo?- Perguntei depois de um tempo.
Harry: Hum.- Murmurou.
Demi: Será que eles sabem que nós estamos chegando?
Harry: Hum.
Demi: Você tá com sono?
Harry: Hum.
Demi: E se eles não gostarem de mim?
Eu não sou sempre assim, ok? Eu só estava estranhamente frágil.
Harry: Hum.
Demi: Me responde direito, porra.- Ok, nem tão frágil assim.
Ele resmungou alguma coisa e ajeitou a cabeça no meu ombro, fazendo seu nariz encostar na minha bochecha e depositou um beijo ali.
Harry: Relaxa, é impossível não gostar de você.- Sussurrou sonolento.
Meu querido e idiota irmão Harry, sempre sabia o que dizer.
Tentei dormir mas não consegui, meu estômago se contorcia em ansiedade e eu senti como se fosse vomitar a qualquer minuto. Já o Harry, que detestou tanto saber que nós viajaríamos, dormia na maior paz. Logo meu nervosismo desceu para minhas mãos e eu comecei a batucar nas laterias da cadeira, fiquei fazendo isso até o Harry acordar e passar o braço por mim, me abraçando e aconchegando a cabeça no meu peito.
Harry: Dorme.
Deixei minha cabeça pender para trás e finalmente o sono me convidou para dançar.